
Em uma análise curiosa, pesquisadores compararam o
tamanho de porções em pinturas que representam “A Última Ceia” entre os anos
1000 e 2000.
Neste período, foi possível observar um aumento de 69% no prato
principal, de 23% nos pães e de 66% no tamanho dos utensílios (pratos)8.
Sabe-se
que a arte imita a vida, e isso retrata uma questão relevante de nosso tempo:
porções de alimentos cada vez maiores, que estão relacionadas à atual epidemia
de obesidade4.
Pesquisas realizadas com humanos em condições
controladas, assim como em situações livres, mostram que a oferta de porções
maiores de alimentos aumenta a quantidade de energia consumida4,7.
Para o
tratamento efetivo da obesidade, portanto, trabalhos buscam verificar se a
redução do tamanho de porções de alimentos estaria relacionada à perda de peso.
Ao mesmo tempo, guias alimentares, como o MyPlate, do Departamento de
Agricultura dos EUA (USDA), já adotaram o ícone de prato como tentativa de
auxiliar as pessoas a escolherem porções menores, adequadas do ponto de vista
nutricional1.
No Brasil, existe o programa “Meu Prato Saudável”, que reforça a
importância da variedade e das proporções de alimentos com ilustrações de
pratos que representam nossa cultura alimentar5.
Mas qual o impacto de intervenções com foco na
redução do tamanho de porções sobre o controle do peso corporal?
Em estudo
recente, Kesman et al. (2011)3 randomizaram 65 pacientes ambulatoriais obesos
(IMC ≥ 30 e < 40 kg/m2) com idade entre 31 e 75 anos, para grupos
intervenção ou tratamento usual. Os dois grupos apresentavam características
semelhantes no início do estudo. A intervenção durou seis meses e consistiu em
aconselhamento nutricional individualizado, com revisão quanto às escolhas
alimentares, controle de porções, consistência e horário das refeições e opções
apropriadas de lanches.
Os pacientes também receberam instruções para
utilizar utensílios (prato e copo) calibrados para o controle de porções. O
prato era de vidro, com divisão em três seções, uma representando metade,
destinada a hortaliças, e as outras duas um quarto do prato, para fontes de
proteína (carnes magras, peixe, frango) e carboidratos (arroz, feijão, batata,
macarrão). O copo era graduado indicando um terço, metade e uma xícara de chá3.
Os autores verificaram que os pacientes do grupo que
controlou as porções apresentaram perda de peso significativamente maior (-2,4%
do peso corporal inicial) do que os do grupo controle (-0,5%) após três meses
de estudo. A percepção dos pacientes foi de que a estratégia os auxiliou no
controle alimentar, tanto que 42% desejaram continuar utilizando o prato como
guia mesmo após o término do estudo3.
Os achados corroboram aqueles obtidos por
Pedersen et al. (2007)6 com metodologia semelhante, que avaliaram 130 pacientes
obesos com diabetes tipo 2 e observaram perda de peso significativamente maior
no grupo intervenção (-1,8%) comparado ao grupo controle (-0,1%).
Estes resultados confirmam que ferramentas que
promovem controle do tamanho de porções podem auxiliar na perda de peso.
Além
disso, mostram, por exemplo, que os restaurantes poderiam contribuir para
melhores escolhas dos clientes, oferecendo desconto para porções menores, ao
invés de colocar preços promocionais em porções gigantes como ocorre
atualmente.
Em paralelo, deve-se orientar o consumo de alimentos de menor
densidade energética, pois grandes quantidades de hortaliças podem auxiliar na
promoção de saciedade e controle da fome, permitindo a redução da ingestão
energética e o controle adequado do peso corporal em longo prazo2. É importante
que as pessoas compreendam que é possível comer de tudo um pouco, evitando a
monotonia alimentar. Estas particularidades reforçam a importância da
orientação nutricional individualizada, educação contínua e acompanhamento
frequente dos pacientes obesos.
Fonte: http://www.unileverhealthinstitute.com.br/artigo/tamanho-de-porcoes-e-controle-do-peso
Referências:
1) Cunningham
E. What impact does plate size have on portion control? J Am Diet Assoc 2011;
111(9): 1438.
2)
Ello-Martin JA, Ledikwe JH, Rolls BJ. The influence of food portion size and
energy density on energy intake: implications for weight management. Am J Clin
Nutr 2005; 82(1 Suppl): 236S-241S.
3) Kesman
RL, Ebbert JO, Harris KI, et al. Portion control for the treatment of obesity
in the primary care setting. BMC Res Notes 2011; 4(1): 346.
4)
Ledikwe JH, Ello-Martin JA, Rolls BJ. Portion sizes and the obesity epidemic. J Nutr 2005; 135(4): 905-909.
5) Meu Prato Saudável. Disponível em:
<http://www.meupratosaudavel.com.br>. Acesso 13 setembro 2012.
6)
Pedersen SD, Kang J, Kline GA. Portion control plate for weight loss in obese
patients with type 2 diabetes mellitus: a controlled clinical trial. Arch
Intern Med 2007; 167(12): 1277-1283.
7) Rolls
BJ, Roe LS, Meengs JS, Wall
DE . Increasing the portion size
of a sandwich increases energy intake. J Am Diet Assoc 2004; 104(3):
367-372.
8)
Wansink B, Wansink CS. The largest Last Supper: depictions of food portions and
plate size increased over the millennium. Int J Obes (Lond) 2010; 34(5):
943-944.
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