Essa novidade têm
gerado bastante polêmica e tenho ouvido e lido comentários controversos, de uma forma geral, à respeito do assunto.
Estou
me referindo ao fato de médicos (na verdade não são só médicos) de todo o
Estado de São Paulo estarem sendo treinados para incluir no receituário, além
de remédios, outro importante aliado no tratamento de doenças: a
prática diária de atividades físicas.
Li
comentários "metendo o malho" no Sistema
COnfef/CRef, "descendo o sarrafo" na classe médica e também criticando profissionais da área de Educação Física simpatizantes à idéia, como por exemplo, eu. Com todo respeito, tenho opinião própria e analiso da seguinte forma:.
1) À princípio, entendo esse novo cenário de forma positiva! .
2) De
forma alguma temo em perder a minha função, em ser substituída pelo médico, em ser prejudicada.
Ao contrário, penso que irá valorizar ainda mais
a minha forma de atuação profissional.
3) O
médico não irá prescrever atividades física O foco será no
combate ao sedentarismo e na promoção da saúde e prevenção. Ele será orientado à praticar.
4) Profissionais da área da saúde podem orientar para a prática de atividade física para promoção da saúde.
5) Tenho claro as recomendações.
6) Acho bom que um médico indique uma dose de 30 minutos de atividade física
por dia, na maior parte dos dias da semana (preferencialmente todos),
de forma contínua ou acumulada, e de intensidade moderada.
7) Acho bom que sugira a prática de musculação, ginástica, caminhada etc..
8) O médico não vai me substituir. Ele não irá montar um programa de treinos, uma planilha de corrida ou caminhada, uma aula de ginástica, uma série de musculação, enfim... Ele irá orientar o indivíduo/paciente à procurar uma (um) personal
trainer, ou uma academia. Isso é bom!
9) O indivíduo que
pratica atividade física sem orientação, por conta própria, já existe, já o faz. Basta ver o número de pessoas treinando sozinhas, nas academias ao
ar livre ou em parques e avenidas. A prescrição médica por atividades físicas em receituário aumentam as chances de mudança e procura pela orientação especializada. Isso é bom também, ao meu ver!
10) Vou aproveitar essa oportunidade e estreitar as relações com a classe médica,
assim como com meus colegas fisioterapeutas e
nutricionistas. Multidisciplinaridade sempre!
A matéria abaixo foi
extraída do Jornal Grande ABC.
Receita médica incluirá atividade física
Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
Do Diário do Grande ABC
07/10/2012 às 7:00
Médicos
de todo o Estado estão sendo treinados para incluir no receituário, além de
remédios, outro importante aliado no tratamento de doenças: prática diária de
atividades físicas.
A
ideia foi lançada em 2009 nos Estados Unidos e implementada no ano seguinte. O
Colégio Americano de Medicina Esportiva adotou como prática habitual de médicos
de todas as especialidades a prescrição de exercícios físicos para o combate a
males como hipertensão, diabetes e obesidade. Seja para crianças, adultos ou
idosos.
O
remédio deve ser mantido. Porém, as dosagens podem ser reduzidas gradualmente
conforme o avanço na prática de atividades físicas. Dependendo da evolução do
quadro de saúde, podem ser substituídas.
A
instituição americana escolheu a Celafiscs (Centro de Estudos do Laboratório de
Aptidão Física de São Caetano) para difundir a mesma orientação aos médicos
brasileiros. Na semana passada, nos três dias em que ocorreu o Simpósio de
Ciências do Esporte, no Centro de Convenções Rebouças, foram treinados cerca de
1.100 profissionais de todo Estado por meio de palestras e distribuição de
material didático. O tema debatido esse ano foi Exercício é remédio.
Na
Capital, participaram profissionais do Hospital das Clínicas, Albert Einsten e
Instituto do Câncer. A expectativa é conseguir concretizar a iniciativa,
inclusive em hospitais estaduais do Grande ABC, até o fim do ano. No Grande ABC
há dois hospitais geridos pelo Estado, Mário Covas, em Santo André, e Serraria,
em Diadema. O projeto conta com a parceria da Secretaria Estadual da Saúde.
"O médico pode ajudar o paciente a sair do sedentarismo. O exercício é
associado ao prazer por causa da liberação de diversas substâncias, como a
endorfina. É por causa dessa sensação de bem-estar e conforto que queremos
experimentar novamente no dia seguinte", explica o professor de educação
física e pesquisador da Celafiscs, Timóteo Leandro de Araújo.
No
entanto, é preciso ter cuidado com as mudanças bruscas. A dose ideal de
exercícios é a de nível moderado, que permite conversação. Se a atividade for
feita intensamente, há mais benefícios a curto prazo, mas provoca aumento da
curva de risco com surgimento de fadiga muscular e lesões.
A
sensibilização dos médicos é baseada na recomendação mundial para qualquer
pessoa: atividade moderada de 30 minutos ao dia pelo menos cinco vezes por
semana.
O
pesquisador avalia que a classe médica atualmente exerce importante papel de
mediador com a sociedade em termos de prevenção e investimento em qualidade de
vida. "Medico ainda é o principal fator que modifica o estilo de vida das
pessoas. Qualquer pessoa pode falar para você andar, mas ouvir do médico é
diferente. É como se fizéssemos conspiração a favor da prática de atividade
física."
Os
médicos já treinados darão, junto com a receita da medicação e a ‘dose de
exercícios', uma caixinha simbólica. Nela, virá bula com detalhes sobre os
benefícios da prática de esportes.
Primeiros
benefícios são psicológicos
O
resultado do esforço físico diário moderado não é mensurado apenas com aumento
da força muscular, flexibilidade ou fôlego. Os primeiros sinais que o corpo
emite são exatamente os mais ausentes na vida moderna. "Aumento da
autoestima, melhora no humor e rendimento. Depois, vêm os benefícios
metabólicos, como diminuição da frequência cardíaca de repouso, queda na
pressão arterial, dos níveis de açúcar e colesterol", explica o professor
de educação física e coordenador do Celafiscs (Centro de Estudos do Laboratório
de Aptidão Física de São Caetano), Timóteo Leandro de Araújo. A entidade atua
na área de medicina esportiva, nutrição e fisioterapia e elabora pesquisas
sobre o tema.
Apenas
depois de três meses é que a prática de exercícios físicos provoca as
modificações mais significativas na estrutura do corpo, como força da
musculatura e capacidade de fazer atividade por mais tempo.
Quem
cuida da alimentação e faz exercícios físicos regularmente raramente fica
doente. É o caso do engenheiro mecânico Ivan Roger Gregori, 49 anos, que faz
exercícios semanais há seis anos. "Se não faço, o corpo pede. O
metabolismo acostuma e sinto falta." Para o engenheiro, a prescrição de
exercícios ajudará muito a prevenir lesões, já que é comum a prática inadequada
de esportes em busca da perda rápida de peso.
Histórico
Fundado
em 1974, o Celafiscs é uma instituição científica independente, sem fins
lucrativos, com o propósito de pesquisar a relação da atividade física e saúde
em pelo menos quatro dimensões: recuperação, manutenção, promoção e excelência.
Além
de treinar médicos para prescrição moderada de atividade física, o Celafiscs
atua desde 2002 no projeto Agita São Paulo, também em parceria com a Secretaria
Estadual da Saúde.
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