Apesar dos avanços
técnico-científicos já alcançados, a disseminação de informações equivocadas
(os chamados “mitos”) quanto aos efeitos da musculação sobre o organismo ainda
dificultam sua difusão como modalidade de atividade física favorável ao
desenvolvimento e aprimoramento harmônicos da saúde humana. Um dos fatores que
contribuem para essa situação está relacionado à concepção que restringe a
aplicação da musculação ao fisiculturismo (bodybuilding).
Muito criticado principalmente
por sua frequente associação com os esteroides anabolizantes e outros recursos
anabólicos, o fisiculturismo, em razão do desenvolvimento exagerado da
musculatura, conseguido à custa de exercícios árduos com
cargas bastante elevadas, constitui-se, ainda que involuntariamente, no
principal responsável pela discriminação da musculação como atividade saudável.
Em verdade, o universo de aplicação da musculação é amplo e relaciona-se a
propósitos esportivos, estéticos e profiláticos.
A seguir desvendarei
alguns MITOS relacionados à prática da musculação:
MITO 1
- Só é possível aumentar a massa magra tomando suplementos.
VERDADE - Treino e alimentação
corretos são sufi cientes para o ganho de massa magra; a necessidade de
suplementação só ocorre se houver defi ciência de algum componente e só um nutricionista
poderá avaliar.
MITO 2
- Crianças não podem fazer exercício de força.
VERDADE - Existem muitas opiniões
desfavoráveis à aplicação dos trabalhos de força (musculação) em crianças e
adolescentes, cujos motivos estão relacionados especialmente às preocupações
com o crescimento, muito embora existam outras tantas que apontam para a
utilização segura destes trabalhos, sem nenhum prejuízo à formação
corporal. De acordo com McArdle, Katch e
Katch (2002), a preocupação com a possibilidade de sobrecarga muscular
excessiva ocasionar lesões nas crianças em crescimento justifica-se pelo fato
do sistema esquelético apresentar-se ainda em estágio de formação,
questionando-se inclusive a validade de um treinamento resistido para o
aprimoramento da força em crianças cujo perfil hormonal encontra-se em
desenvolvimento, especialmente em relação à testosterona (hormônio anabólico).
Por outro lado, os mesmos autores chamam a atenção para a existência de
evidências indicando que os programas de treinamento resistido devidamente
supervisionados, utilizando níveis relativamente moderados de exercícios
concêntricos, produzem um aumento significativo da força muscular em crianças,
sem qualquer efeito adverso sobre ossos e músculos. A treinabilidade da força
assume um papel importante no desenvolvimento corporal de crianças e jovens.
Para tanto, o treinamento deve respeitar as particularidades do organismo em
crescimento, visto que a ossificação do sistema esquelético só termina entre os
17 e 20 anos, o que torna o aparelho locomotor de crianças e jovens menos
capacitado para suportar carga em relação ao adulto. Entretanto, nesse aparelho
ainda em crescimento e maturação, mediante a tração e pressão sobre os ossos, exercidas por meio da atividade
muscular, são desencadeados estímulos formativos e consequentes manifestações
de adaptações, evidenciadas na modificação da estrutura óssea e na maior
resistência do tecido conjuntivo, o que justifica a necessidade de um
fortalecimento muscular em todas as faixas etárias com a correta dosagem dos
estímulos, e a utilização de meios apropriados (WEINECK, 2000).
MITO 3
- Idosos também não.
VERDADE - Com o envelhecimento, ocorre diminuição da
massa muscular; consequentemente, a força muscular. O declínio acentuado dos
níveis de força em pessoas idosas pode comprometer a capacidade
funcional-motora para realização das atividades da vida diária, bem como
aumentar a ocorrência de quedas e fraturas. A inclusão de exercícios resistidos
em programas de condicionamento físico
direcionados às pessoas idosas, desde que devidamente elaborados, pode promover
adaptações favoráveis tais como: aumento nos níveis de força (associados ou não
a certo grau de hipertrofia muscular) e melhora na execução das Atividades da
Vida Diária (AVD), além de redução nas queixas de dores articulares.
Tantos benefícios dão suporte à
utilização dos exercícios resistidos como recurso favorável à aquisição de bons
níveis de aptidão funcional-motora pela população idosa, possibilitando-lhes a
manutenção de melhores condições de saúde. No entanto, para eliminar possíveis
riscos associados à prática da musculação, existem recomendações específicas
para a elaboração de programas que possam garantir tais benefícios de forma
segura e eficiente. Estas se encontram relacionadas a parâmetros como: número
de séries e repetições; intervalos
de recuperação; velocidade de execução dos movimentos; quantidade de exercícios
por sessão; e frequência semanal.
Espero que tenham gostado!
Fonte
McARDLE, W. D.; KATCH, F.; KATCH,
V.L. Fundamentos de fisiologia do exercício. 2.ed. Rio de Janeiro:
Guanabara-Koogan, 2002.
WEINECK, Jurgen. Biologia do
esporte. São Paulo: Manole, 2000.
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